AGENDA POLÍTICA-REGULATÓRIA 2025-2026
Agenda Setorial destaca desafios operacionais e regulatórios para o setor elétrico em 2025
O Agenda Setorial 2025 reuniu entidades importantes do setor elétrico para discutir prioridades e desafios do mercado. O evento contou com a participação de representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Uma das principais questões abordadas foi a redução das discrepâncias entre os modelos teóricos e a operação em tempo real, além de reativar iniciativas como o "Fale Aqui", que permite o levantamento estruturado de problemas enfrentados pelos associados.
A diretora da ANEEL destacou a agenda regulatória da agência e as pautas imediatas em andamento, com foco principal na abertura de mercado. Esse tema tem atraído crescente atenção devido à rápida adesão das empresas brasileiras, com cerca de 70 mil empresas prontas para migrar para o mercado livre, em um universo de aproximadamente 200 mil.
"O objetivo dessas ações é promover energia abundante e renovável, redes elétricas resilientes e estáveis, inovação tecnológica constante, tarifas modernas e justas, e um sistema sustentável para todos os envolvidos", ressaltou Ludmila Lima da Silva, diretora da ANEEL.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apresentou suas expectativas e principais compromissos para o ano. O presidente da entidade, Alexandre Ramos, destacou as metas estratégicas de transformação tecnológica, segurança e governança, visando à viabilização da abertura integral do mercado de energia elétrica no Brasil. Entre as ações previstas está a implementação do sistema centralizador, garantindo comunicação segura e alinhada à consulta pública da ANEEL sobre monitoramento prudencial.
Segundo Alexandre, "já estamos em fase avançada do relatório de sancionamento, que será submetido para aprovação em breve, visando fortalecer ainda mais a segurança financeira e operacional do mercado".
No mesmo painel, Mario Menel, presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), enfatizou a importância de agir rapidamente diante dos desafios regulatórios e operacionais do setor. Menel citou como exemplo o caso do GSF (Generation Scaling Factor), mostrando como a demora na resolução aumentou significativamente os custos financeiros para o setor.
VISÕES PARA 2025 E ALÉM: PROJEÇÕES DE PREÇOS, ENCARGOS E TARIFAS
Cenário Energético para 2030 Aponta Desafios e Incertezas na Contratação de Térmicas e Energia de Reserva.
As projeções para o setor elétrico brasileiro até 2030 indicam um cenário de grandes desafios, com destaque para a conversão de contratos dos sistemas isolados para energia de reserva e a indefinição sobre as térmicas inflexíveis, que envolvem a descapitalização da Eletrobras.
No segmento de reserva de capacidade, os contratos já firmados incluem a térmica intermunicipal prevista para 2025 e os empreendimentos contratados desde 2021. As projeções do Plano Decenal de Energia (PDE) 2034 indicam que, até 2030, a potência total disponibilizada deve alcançar 14 GW, resultando em uma receita anual de aproximadamente R$ 14 bilhões. O cálculo considera um valor médio de R$ 1 milhão por megawatt de potência disponibilizada, com rateio pelo mercado estimado em R$ 21 por megawatt-hora. Apesar do otimismo em alguns cenários, especialistas alertaram, durante a Agenda Setorial, que essas projeções podem estar subestimadas.
A incerteza sobre os impactos financeiros dessas mudanças no setor continua sendo uma preocupação. A necessidade de descontratação de contratos térmicos, as flutuações no mercado consumidor e o crescimento da geração distribuída – que pode passar de 25 GW para 50 GW nos próximos anos – adicionam complexidade ao cenário. Além disso, eventos climáticos extremos exigem um planejamento energético mais robusto para garantir a segurança do suprimento.
A volatilidade nos preços da energia elétrica e os desafios na projeção de valores foram destaques das discussões. Especialistas do setor alertaram sobre as dificuldades na modelagem de preços diante das mudanças no sistema energético, incluindo a maior dependência de fontes renováveis intermitentes, as oscilações hidrológicas e os critérios de aversão ao risco recentemente adotados.
Outro fator de preocupação para o setor é a modulação horária, que altera significativamente os preços ao longo do dia, impactando geradores e consumidores com perfis de carga específicos.
Em consenso, os palestrantes ressaltaram a necessidade de um debate amplo sobre os impactos dessas mudanças para garantir um preço justo de energia, tanto para consumidores quanto para agentes do setor.
O impacto do New Wave Híbrido, metodologia que alterou a forma como os reservatórios são individualizados e como o risco hidrológico é precificado, foi um dos temas centrais do debate. A nova abordagem trouxe um aumento expressivo nos preços, mesmo com uma situação de reservatórios superior à registrada em períodos anteriores.
A imprevisibilidade na curva de preços se intensificou, dificultando a tomada de decisões e a gestão de contratos no mercado. Os preços da energia sofreram um aumento expressivo nos últimos 12 meses, com alta de até 300% nos produtos do mercado de curto prazo, impulsionado pela implementação do New Wave Híbrido, explicou Patrick Hensen, sócio da DCIDE.
PREÇOS: FORMAÇÃO, PROJEÇÕES E PAUTA REGULATÓRIA
Transparência e credibilidade na precificação da energia são fundamentais para o mercado livre.
No painel Preços: Formação, projeções e pauta regulatória, especialistas apontaram que a desconexão entre a operação real do sistema e as projeções dos modelos matemáticos pode mascarar os custos da energia, resultando em encargos adicionais para os consumidores e comprometendo a previsibilidade do mercado.
Um dos desafios mencionados é o impacto desses custos na credibilidade do mercado livre de energia. Quando os preços reais se distanciam das projeções, os consumidores podem enfrentar surpresas na fatura de energia, gerando insegurança e desconfiança no modelo. A busca por maior previsibilidade e alinhamento entre os preços projetados e os valores efetivamente pagos é uma prioridade para o setor.
Outro ponto relevante tratado no evento foi a importância da abertura de uma consulta pública para discutir a governança do Custo de Curto Prazo (CCP) e do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). A expectativa é que o processo envolva um debate amplo, com a participação de agentes do setor, da CCEE, do INSS e da EPE, garantindo que as novas diretrizes considerem a inteligência coletiva do mercado.
A iniciativa busca não apenas aprimorar a formação de preços no setor elétrico, mas também trazer mais eficiência à gestão dos encargos, reduzindo impactos financeiros inesperados para consumidores e agentes do mercado livre.
No evento, também foi reforçada a importância do diálogo contínuo entre governo, reguladores e agentes do setor, destacando que a previsibilidade e a transparência na formação de preços são essenciais para um mercado mais estável e eficiente.
Ajustes na modelagem do setor elétrico buscam maior previsibilidade e equilíbrio de preços
A busca por maior aderência entre os modelos computacionais e a realidade operacional do setor elétrico tem sido um dos principais desafios para garantir previsibilidade e estabilidade na precificação da energia. Outro ponto de atenção abordado foi a necessidade de avaliar se os parâmetros de aversão ao risco adotados atualmente estão adequados para refletir de forma fiel as condições do sistema.
A calibração dos modelos tem sido um aspecto crítico, especialmente diante de variações significativas na hidrologia e na curva de referência dos reservatórios.
“A preocupação não é apenas com o valor final dos preços, mas com a dinâmica da formação desses valores ao longo do tempo. Se determinados cenários apontam preços elevados em março, por exemplo, a expectativa seria que essa tendência já fosse sinalizada nos modelos de meses anteriores, permitindo maior previsibilidade e melhor planejamento dos agentes do mercado”, esclareceu Donato Filho, diretor-geral da Volt Robotics.
A possibilidade de ajustes nos modelos matemáticos para melhorar a precisão das projeções também foi debatida. A necessidade de revisar a distribuição de probabilidades hidrológicas e a forma como o valor da água é precificado ao longo do tempo são elementos considerados fundamentais para aprimorar a modelagem computacional e reduzir distorções.
A volatilidade dos preços segue como um ponto de atenção. Embora a introdução de novos parâmetros tenha permitido respostas mais rápidas às mudanças no cenário hidrológico, especialistas ressaltam que o modelo ainda precisa ser monitorado para garantir que continue aderente às condições reais. A recente elevação do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) para R$ 350/MWh não é, por si só, um problema, desde que represente corretamente a necessidade de despacho térmico e os custos envolvidos na manutenção dos reservatórios em níveis seguros.
A conclusão foi que um planejamento eficiente da operação elétrica pode evitar oscilações bruscas e custos desnecessários.
SEGURANÇA E AMPLIAÇÃO DO MERCADO
No contexto de segurança e ampliação do mercado, existem pontos fundamentais a serem considerados nesta discussão.
O monitoramento prudencial é um deles. Essencial para garantir a estabilidade e a segurança do sistema elétrico, as propostas de melhoria nessa área podem incluir a implementação de tecnologias avançadas de monitoramento e análise de dados, que permitam uma supervisão mais eficaz das operações do mercado. Isso pode ajudar a identificar riscos e vulnerabilidades, promovendo uma resposta mais ágil a possíveis crises.
“A gente tem que ir aprendendo a evoluir ano a ano. O monitoramento prudencial é importante, mas os modelos de precificação precisam ser aperfeiçoados constantemente. Somos muito bons em diagnóstico, mas temos que ser bons também em previsibilidade, antecipando as questões. Quando prevemos os problemas, os custos são menores”, explicou Rui Altieri, diretor-presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (APINE).
Também se discutiu que o setor varejista de energia pode se beneficiar de diversas melhorias, como a adoção de práticas mais transparentes e eficientes na relação com os consumidores. Isso pode incluir a oferta de tarifas mais competitivas, serviços personalizados e uma comunicação mais clara sobre o consumo de energia. Além disso, a capacitação dos varejistas para lidar com as novas demandas do mercado, como a integração de fontes renováveis e soluções de eficiência energética, é fundamental.
Como facilitador da inovação e da concorrência, o open energy permite que novos participantes entrem no mercado e ofereçam soluções diversificadas. A implementação de plataformas de dados abertos pode contribuir para promover a transparência e a colaboração entre diferentes agentes do setor, beneficiando tanto os consumidores quanto os fornecedores.
Esses elementos são cruciais para garantir um mercado de energia mais seguro, eficiente e acessível, promovendo um ambiente que favoreça a inovação e a sustentabilidade.
FÓRUM C-LEVEL: AVANÇOS NO SETOR ELÉTRICO
Transparência e credibilidade na precificação da energia são fundamentais para o mercado livre.
No painel Preços: Formação, projeções e pauta regulatória, especialistas apontaram que a desconexão entre a operação real do sistema e as projeções dos modelos matemáticos pode mascarar os custos da energia, resultando em encargos adicionais para os consumidores e comprometendo a previsibilidade do mercado.
Um dos desafios mencionados é o impacto desses custos na credibilidade do mercado livre de energia. Quando os preços reais se distanciam das projeções, os consumidores podem enfrentar surpresas na fatura de energia, gerando insegurança e desconfiança no modelo. A busca por maior previsibilidade e alinhamento entre os preços projetados e os valores efetivamente pagos é uma prioridade para o setor.
Outro ponto relevante tratado no evento foi a importância da abertura de uma consulta pública para discutir a governança do Custo de Curto Prazo (CCP) e do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). A expectativa é que o processo envolva um debate amplo, com a participação de agentes do setor, da CCEE, do INSS e da EPE, garantindo que as novas diretrizes considerem a inteligência coletiva do mercado.
A iniciativa busca não apenas aprimorar a formação de preços no setor elétrico, mas também trazer mais eficiência à gestão dos encargos, reduzindo impactos financeiros inesperados para consumidores e agentes do mercado livre.
No evento, também foi reforçada a importância do diálogo contínuo entre governo, reguladores e agentes do setor, destacando que a previsibilidade e a transparência na formação de preços são essenciais para um mercado mais estável e eficiente.
Ajustes na modelagem do setor elétrico buscam maior previsibilidade e equilíbrio de preços
A busca por maior aderência entre os modelos computacionais e a realidade operacional do setor elétrico tem sido um dos principais desafios para garantir previsibilidade e estabilidade na precificação da energia. Outro ponto de atenção abordado foi a necessidade de avaliar se os parâmetros de aversão ao risco adotados atualmente estão adequados para refletir de forma fiel as condições do sistema.
A calibração dos modelos tem sido um aspecto crítico, especialmente diante de variações significativas na hidrologia e na curva de referência dos reservatórios.
“A preocupação não é apenas com o valor final dos preços, mas com a dinâmica da formação desses valores ao longo do tempo. Se determinados cenários apontam preços elevados em março, por exemplo, a expectativa seria que essa tendência já fosse sinalizada nos modelos de meses anteriores, permitindo maior previsibilidade e melhor planejamento dos agentes do mercado”, esclareceu Donato Filho, diretor-geral da Volt Robotics.
A possibilidade de ajustes nos modelos matemáticos para melhorar a precisão das projeções também foi debatida. A necessidade de revisar a distribuição de probabilidades hidrológicas e a forma como o valor da água é precificado ao longo do tempo são elementos considerados fundamentais para aprimorar a modelagem computacional e reduzir distorções.
A volatilidade dos preços segue como um ponto de atenção. Embora a introdução de novos parâmetros tenha permitido respostas mais rápidas às mudanças no cenário hidrológico, especialistas ressaltam que o modelo ainda precisa ser monitorado para garantir que continue aderente às condições reais. A recente elevação do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) para R$ 350/MWh não é, por si só, um problema, desde que represente corretamente a necessidade de despacho térmico e os custos envolvidos na manutenção dos reservatórios em níveis seguros.
A conclusão foi que um planejamento eficiente da operação elétrica pode evitar oscilações bruscas e custos desnecessários.
Fonte: Canal Energia