“Tarifas altas demais? Renda baixa demais? Falta de investimento em tecnologia? Segurança pública insuficiente? Atividade criminal sem limites? Essas são apenas algumas das muitas questões que vem à mente quando se começa a pensar num dos problemas mais antigos enfrentados pelas companhias de distribuição e para o qual não há uma solução mágica, tal a sua complexidade. Estamos falando das perdas não técnicas (PNT) que vem aumentando em escala exponencial. E não só no Brasil. Trata-se de um desafio que aflige principalmente a América Latina e Caribe.
O colega Henrique Faerman aceitou a empreitada e se empenhou em trazer um panorama meticuloso sobre o tema para a reportagem especial desta semana do CanalEnergia. O resultado trouxe números e cifras reveladores e muito alarmantes, para dizer o mínimo. A região em foco registra perdas superiores a 17% nas últimas três décadas. Esse é um volume três vezes maior que o da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Para ser ter uma ideia, em 2019, as perdas não técnicas atingiram 120 TWh, o equivalente a toda a produção eólica e solar regional no período. Especialistas e representantes de entidades foram ouvidos para compor esse quadro que abre espaço especial para o caso brasileiro. Em território nacional, o problema persiste há 15 anos. Em 2024, o volume de PNT chegou a 42 TWh, representando 16,8% do mercado de baixa tensão, quase o dobro da produção anual da hidrelétrica Belo Monte. Além do texto rico em detalhes, os leitores vão contar também com uma novidade. Interativa, a reportagem traz trechos em vídeo dos relatos de entrevistados.”
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ECONOMIA
Para quem emendou o feriado de 1º de maio e ainda está meio fora de sintonia, vale saber que o ministro da Fazenda, Fernado Haddad, foi aos Estados Unidos. E o setor elétrico com isso? É que ele foi se encontrar com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e aproveitou para dar um pulinho ao Vale do Silício. Lá visitou diversas big techs, numa espécie de roadshow para apresentar a Política Nacional de Data Centers. A ideia é trazer esse tipo de investimento ao Brasil, já que aqui temos energia limpa sobrando. Agora é cruzar os dedos para dar tudo certo.
E por falar em excedente de eletricidade, o MME sacramentou a data de 14 de novembro para a realização dos leilões A-1, A-2 e A-3. Também estão disponíveis as diretrizes dos três certames. As distribuidoras devem ficar atentas. As Declarações de Necessidade, precisam ser encaminhadas no período de 12 a 22 de agosto de 2025. Time is Money! Que o diga o pessoal do mercado livre, que também tem prazo a cumprir. Fica aberta até 13 de junho a consulta pública recém-lançada pela Aneel para aprimoramento das regras de comercialização. Meio que relacionado, é preciso lembrar ainda que o MME também abriu consulta pública. Esta é destinada a definir proposta de critérios, ritos e prazos próprios para avaliação e aprovação, pelo CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), de alterações no nível de aversão ao risco a ser adotado nos modelos computacionais do setor elétrico. Ou seja, tudo desemboca em preços.
Outra medida fresquinha do ministério é que foi autorizada a inclusão de custos fixos ao Custo Variável Unitário (CVU) para geração de energia elétrica de térmicas despacháveis centralizadamente e operacionalmente disponíveis. Mas, anote aí, desde que não possuam Contrato de Comercialização de Energia Elétrica vigente.
E só para constar, de acordo com dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o consumo nacional cresceu 2,6% na média em março. Na faixa de 49.190 GWh, foi o maior patamar mensal de toda a série histórica desde 2004. A classe residencial puxou o resultado, com alta de 3,7%, seguido pelo industrial, com variação de 2,7%. De olho no consumo e no equilíbrio da malha elétrica, o ONS (Operador Nacional do Sistema) elaborou um estudo para buscar aprimoramentos nos Sistemas Especiais de Proteção (SEPs), com o objetivo de conseguir aumentar em cerca de 1.000 MW o limite de intercâmbio do Nordeste para o Sudeste. Qualquer relação com a questão do curtailment não é mera coincidência.
Para terminar, confira, rapidinho, o desempenho de três empresas que já divulgaram seus resultados financeiros referentes ao 1º trimestre de 2025. A fabricante de equipamentos Weg teve aumento de 16,4% no lucro, ao atingir R$ 1,5 bilhão em ganho no período. No caso da Neoenergia, houve reversão. O grupo alcançou a marca de R$ 1 bilhão, 11% a menos do que de janeiro a março de 2024. Também em queda, o resultado da ISA Energia recuou 17,6%, para R$ 337 milhões. Muita calma aí acionista, porque há tempo para recuperação.”
POLÍTICA
“Rendeu bastante controvérsia, como era de se esperar. Só que não foi mesmo adiante na diretoria da Aneel a proposta de incluir novos parâmetros de avaliação no processo de renovação das concessões das distribuidoras. Bem que a Procuradoria da agência já havia avisado que não era possível fazer nada diferente do que foi definido pelo MME. Mas o colegiado não perdeu a oportunidade de debater o assunto à exaustão. Muito na base daquele dito popular do “dou um boi para não entrar numa briga, mas uma boiada para não sair dela”. Por três votos a dois, acabaram rejeitadas as recomendações dos diretores Ricardo Tili e Fernando Mosna para que fossem considerados indicadores adicionais na avaliação dos requisitos de qualidade. Com isso, ficou decidida a recomendação, ao MME, da aprovação do processo da EDP Espírito Santo, a primeira companhia a passar pelo crivo da Aneel. Ufa! A história do reforço nas exigências não termina aí, contudo. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, não descarta que a proposta possa ser discutida novamente, caso a sugestão seja feita em algum processo para os quais Tili e Mosna forem eventualmente sorteados. “Se as convicções deles não mudarem, eventualmente, esses mesmos argumentos podem retornar. Mas aí a gente vai ver caso a caso”, avisou. Ou seja, as demais companhias na fila que se preparem. Enel Rio de Janeiro, Equatorial Pará, Enel São Paulo, além de Light e Enel Ceará, por exemplo, estão com notas pouco satisfatórias no âmbito do Índice Aneel de Satisfação do Consumidor (IASC), um dos critérios adicionais defendidos por Tili e Mosna.”
CONSUMO E COMPORTAMENTO
Aqui você encontra informações sobre o mercado de consumo de bens e serviços, cujos impactos são refletidos diretamente na carga de energia em todo o País
Olha só o resultado da mais recente análise saída do forno sempre aceso da consultoria Volt Robotics. A nova proposta de reforma do setor elétrico em exame no governo, mantidas as diretrizes anunciadas até agora, tende a favorecer os pequenos consumidores. O grupo pode ser o mais beneficiado pelo processo. Isso porque o cálculo de redução no custo de energia deve ficar na faixa de 8% a 16%. Show! As condições também beneficiam as distribuidoras, já que elas ficarão praticamente blindadas contra os efeitos de sobra de energia ante a possibilidade dos consumidores se bandearem para o mercado livre. Outra boa notícia, essa para os consumidores da área da CPFL Paulista, é que a Aneel homologou o reajuste tarifário anual da companhia com redução média de 3,66%. A agência decidiu ainda excluir do processo o pedido da empresa de inclusão de R$ 1,3 bilhão na tarifa dos próximos 12 meses, como ressarcimento de parte de um passivo judicial, em ação transitada em julgado. O MME, por sua vez, aprovou a proposta de orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) do Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica (Luz para Todos), para 2025. Haverá desembolso de R$ 3,914 bilhões, ante um orçamento previsto de R$ 4,316 bilhões. (...). A Aneel aprovou aumento médio de 0,61% nas tarifas da Neoenergia Pernambuco.”
PROGRAMA ENERGIA SOLIDÁRIA
“O programa Energia Solidária, do Governo do Estado do Paraná, gerou uma economia total de R$ 26 milhões para as 280 mil famílias paranaenses cadastradas no primeiro trimestre de 2025. Esse é o valor que o Estado custeia no programa e que garante fornecimento gratuito para famílias de baixa renda que consomem até 150 kWh/mês. Houve, inclusive, aumento do limite de consumo, que era de 120 kWh. Também foi autorizada a inclusão no programa de famílias que recebem o Benefício Prestação Continuada (BPC).”
FRAUDES EM LEILÕES DA ANEEL
“O Ministério Público Federal denunciou dez integrantes de uma organização criminosa que obteve R$ 145,2 milhões ilicitamente a partir de fraudes em leilões da Aneel, entre 2015 e 2018. O esquema foi descoberto na Operação Skotos – um desdobramento da Operação Black Flag, deflagrada em 2021 para apurar uma série de crimes praticados pelo grupo, com articulações concentradas em Campinas (SP). A denúncia foi recebida pela Justiça Federal e os envolvidos responderão por crimes como fraude a licitação, lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos e corrupção ativa e passiva. As fraudes se basearam em uma rede empresarial protagonizada por uma construtora fictícia, a Steelcons Empreiteira”.
Fonte: Canal Energia