Ricardo Massera – Sócio de Auditoria e Consultoria ricardo.massera@taticca.com.br Insights sobre Guangzhou, Shenzhen e Shanghai Desde o início das relações diplomáticas há 50 anos, o relacionamento econômico entre Brasil e China tem se intensificado significativamente, consolidando a China como o principal parceiro comercial do Brasil. Esse intercâmbio não se limita apenas à exportação de commodities brasileiras e à importação de produtos manufaturados chineses, mas também se estende a setores estratégicos, como inovação, tecnologia e serviços, criando um terreno fértil para parcerias de longo prazo e amplas oportunidades de negócios.
Nas visitas realizadas às cidades de Guangzhou, Shenzhen e Shanghai, pudemos perceber a robustez e a diversidade do ecossistema econômico chinês, o que oferece oportunidades valiosas para empresas brasileiras interessadas em expandir sua presença no mercado chinês. Cidades chinesas com forte crescimento econômico e sofisticada infraestrutura, como as mencionadas, representam diferentes aspectos da dinâmica de negócios no país, como comércio, inovação tecnológica e acesso financeiro, todos fatores fundamentais para a entrada de empresas brasileiras, além do imenso mercado consumidor.
Guangzhou é uma porta de entrada estratégica para empresas brasileiras, especialmente do setor de agronegócio e alimentos. O mercado chinês, com sua vasta demanda por produtos de qualidade, representa uma oportunidade para produtores brasileiros de soja, carne e outros produtos alimentícios que buscam um público consumidor robusto e em expansão. Além disso, a proximidade de Guangzhou com centros de distribuição permite uma logística eficiente que facilita o acesso a outras regiões chinesas, ampliando o alcance de produtos e serviços brasileiros. Por termos visitado o Porto de Guangzhou, ficou evidente a capacidade logística arrojada e tecnológica e a posição estratégica da cidade em âmbito global.
Por outro lado, Shenzhen oferece um ecossistema vibrante para empresas de tecnologia. O “Vale do Silício da China" atrai empresas de alta tecnologia, como a Kingdee, que desenvolve soluções de ERP para grandes corporações e pequenos negócios e tem poderio para confrontar gigantes como SAP e Oracle, ainda podendo ter vantagem no quesito de precificação. Esse ambiente de inovação representa um grande potencial para empresas brasileiras do setor de tecnologia que buscam parcerias para o desenvolvimento de novas soluções e produtos, especialmente aqueles focados em áreas estratégicas.
Shanghai, por sua vez, é um centro financeiro e comercial que serve como base para multinacionais de diversos setores e instituições financeiras de renome. Para empresas brasileiras, Shanghai oferece um ambiente estruturado para o desenvolvimento de negócios de exportação e importação, além de ser um polo de networking para empresas internacionais que desejam estabelecer conexões e parcerias na Ásia. A presença de instituições como a AmCham Shanghai facilita o contato com organizações que apoiam a entrada de empresas no mercado chinês, fornecendo insights valiosos e promovendo a adaptação a um mercado complexo e dinâmico.
No contexto das oportunidades de negócios entre Brasil e China, setores como o agronegócio, tecnologia, indústria automotiva e eletrônica mostram grande potencial de colaboração. Empresas que visitamos como a Jidu, que pertence ao grupo Geely e inova no setor de veículos elétricos, representam possibilidades interessantes para a China, que já domina o mercado e demonstra apetite em expandir ainda mais e também para o Brasil, que busca ampliar o uso de energias renováveis e novas tecnologias sustentáveis. Essas sinergias reforçam a importância da inovação e da transferência de tecnologia como parte fundamental da parceria Brasil-China, alinhando interesses comuns e gerando benefícios mútuos para os países.
Ter um apoio adequado é crucial para o sucesso das iniciativas de internacionalização entre Brasil e China. Para as empresas brasileiras, o desafio de compreender as regulamentações chinesas, adaptar-se às práticas culturais locais e estabelecer parcerias sólidas requer um apoio especializado, sem contar com a barreira de idiomas. O apoio internacional também viabiliza adaptar produtos e serviços ao contexto local, identificando fatores culturais e econômicos que podem ser cruciais para o sucesso da empresa.
Já o mercado brasileiro, com suas especificidades regulatórias, fiscais e logísticas, exige um conhecimento aprofundado do contexto local, sendo que as empresas necessitam de apoio na adaptação de suas estratégias, ajudando-as a entender o comportamento do consumidor brasileiro, a se ajustarem às normas locais e a identificar parceiros e fornecedores que possam fortalecer suas operações no país.
Com o aumento da interdependência entre Brasil e China, há uma necessidade crescente de suporte especializado para alinhar interesses e explorar ao máximo o potencial de cooperação entre os dois mercados. O desenvolvimento de estratégias integradas e uma compreensão profunda das regulamentações e preferências de cada país são fatores determinantes para o sucesso dessas operações. Nesse contexto, a TATICCA Allinial Global pode ser seu parceiro fundamental, atuando como ponte e fortalecendo o vínculo entre as duas economias em uma escala global.
Luiz Carlos Benner – Sócio de TAX luiz.benner@taticca.com.br Uma visão do panorama tributário nas relações entre China e Brasil O estreitamento das relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e a China, nas últimas décadas, tornou o Brasil o destino de praticamente 50% dos investimentos chineses na América do Sul. Esse é um processo natural, considerando que, além dessa boa relação entre os dois países, temos uma vasta extensão territorial, recursos naturais abundantes, ausência de conflitos geopolíticos e um mercado consumidor que não pode ser desprezado. Neste contexto, é fundamental o envolvimento de especialistas tributários e da área legal, tanto da Ásia quanto do Brasil, que estejam conectados e possam atuar como um time.
A nossa participação do Asia Pacific Roadshow 2024 , foi extremamente enriquecedora. Participamos de três painéis, onde, além da oportunidade de falarmos um pouco sobre Doing Business in Brazil , incluindo comentários sobre o nosso sistema tributário, alterações de legislação, reforma tributária e cenários futuros, tanto tributários quanto de oportunidades de negócio, tivemos a oportunidade de ouvir e aprender mais sobre um país com tantos encantos. Ficaram evidentes, não apenas as diferenças culturais, mas também as diferenças tributárias e de estruturas societárias de cada país. Em comum, a sinergia e vontade de fazer negócios.
Toda criação de um negócio novo, investimento ou uma joint venture tem obrigações legais e tributárias que devem ser observadas desde sua constituição e que acompanharão essa estrutura até o final, isso tanto no Brasil com o em qualquer outro país. No cenário de investimentos entre Brasil e China, destaca-se a importância de uma aproximação e a colaboração maior entre especialistas tributários e assessores legais brasileiros e chineses para uma avaliação e orientação mais assertiva.
Apesar do impacto que os tributos causam em um negócio, seja na China ou no Brasil, somado a sua relevância no momento de se avaliar um novo investimento, não podemos considerar a tributação como base de tomada de decisão. Sem intenção de diminuir a sua importância, mas tributos são apenas tributos. A tributação é uma consequência das operações de qualquer organização. Muito antes de falarmos de tributação, precisamos falar de negócios. Se o objetivo, quando revestidos no papel de assessores envolvidos num processo de investimento internacional, for agregar valor e fazer a diferença para esses investidores, precisamos ouvi-los primeiro, entender o seu negócio, a estratégia e os seus objetivos. Isto é sobre negócios e não tributos.
Após conhecer todo contexto do negócio, as estratégias e os objetivos do investidor, estaremos aptos para auxiliá-lo na compreensão do nosso sistema tributário, simular os efeitos da reforma tributária, tratar dos efeitos do transfer pricing , inclusive buscar alternativas de incentivos fiscais disponíveis e aplicáveis a cada investimento, bem como sugerir a melhor estrutura que ajudará esse investidor a atingir seus objetivos.
Dentre desse cenário, atenção especial deve ser dada ao transfer pricing , que em 2023 passou a adotar o princípio “arm´s lenght ”, em linha com os padrões internacionais e diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e reforma tributária. Com efeitos a partir de 2025 e totalmente concluída em 2033, essa é a maior reforma tributária que já vivenciamos e certamente nos desafia, não apenas em relação à compreensão de todas as alterações da legislação, mas também em como simular e antecipar os seus efeitos nas operações das Organizações. Se compreender todo cenário de reforma tributária é um desafio para os brasileiros, para os Chineses é ainda muito maior.
Estarmos diretamente conectados e alinhados com profissionais especialistas da região asiática, independentemente das diferenças culturais e barreiras do idioma fará a diferença nesse processo de assessorar os investidores. A cooperação mútua trará benefício e conhecimento para ambos. A TATICCA construiu essa conexão e cooperação, com a participação do Asia Pacific Roadshow 2024 .
Em apenas duas semanas, construímos e estreitamos um relacionamento sólido com as firmas parceiras, membros da Allinial Global, que, num cenário regular de distância e troca de e-mails e reuniões à distância, levaria anos para ser construído. Hoje estamos preparados e alinhados com as firmas parceiras da Ásia para auxiliar qualquer empresa que queira investir no Brasil, assim como auxiliar empresas brasileiras que queiram investir na Ásia.