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O PAPEL DOS SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

20/8/2025

Autores:
Nivalde de Castro
Igor Barreto Julião

GESEL

As mudanças climáticas suscitadas por ações antrópicas já causaram danos e perdas, em parte, irreversíveis aos ecossistemas, pois estes foram impactados além de sua capacidade de adaptação. Caso não sejam mitigados os impactos e reestruturados os sistemas produtivos, com foco na descarbonização, há consenso de que esse quadro tende a se agravar. Deste modo, são exigidas ações de rápida redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), considerando que a janela de oportunidade para garantir o cumprimento das metas estabelecidas em acordos internacionais é cada vez mais estreita. Nesse contexto, e agravado pela crescente demanda energética propulsionada pelo crescimento populacional, industrialização e eletrificação do consumo, a transição energética tem se tornado mais necessária e estratégica. De maneira geral, o processo de transição energética consiste na substituição progressiva de fontes fósseis por alternativas renováveis, com o objetivo de reduzir as emissões dos GEE e, só assim, combater as mudanças climáticas. Entretanto, esse processo demanda transformações estruturais em toda a cadeia energética e econômica, desde a forma de gerar e distribuir energia até os padrões das cadeias produtivas e de consumo lato sensu. Como ilustrado na Figura 1, a oferta global de eletricidade renovável vem crescendo constantemente, a fim de atender o crescimento de demanda e, em paralelo, reduzir as emissões de GEE. Todavia, a adoção em larga escala dessas novas tecnologias, notadamente das energias eólica e solar, está acompanhada de ingentes desafios, além das questões relacionadas às novas infraestruturas.

1Artigo publicado no Broadcast Energia. Disponível em: ttps://energia.aebroadcast.com.br/tabs/news/747/53186394. Acesso em: 13 de ago. 2025. 2Professor do Instituto de Economia da UFRJ e Coordenador-Geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL-UFRJ). 3Pesquisador Associado do GESEL-UFRJ. Figura 1: Geração global de eletricidade por tipo: 2000-2030. (em TWh) Fonte: IEA (2024).

Em escala mundial, as principais fontes de energia que cresceram nos últimos anos foram as energias solar fotovoltaica e eólica, que detêm como uma das suas principais características a intermitência na geração. Dessa maneira, essas fontes de energia apresentam problemas de "despachabilidade", uma vez que sua potência não pode ser controlada e modulada para atender às necessidades da demanda de energia elétrica, que é, de fato, a variável independente do modelo. Assim, no cenário exposto da transição energética, no qual o sistema elétrico avança cada vez mais em investimentos com base nessas tecnologias, em especial na fonte solar fotovoltaica por conta dos custos supercompetitivos, questiona-se como solucionar os desafios relacionados à sua intermitência. A solução crescente que muitos países vêm adotando é a utilização dos sistemas de armazenamento de energia. Como o nome sugere, esses sistemas são diferentes tecnologias que utilizam mecanismos eletroquímicos, mecânicos, térmicos, entre outros, para armazenar energia. Atualmente, o principal representante dos sistemas de armazenamento são os sistemas eletroquímicos, utilizando baterias. Os Sistemas de Armazenamento de Energia por Baterias (no inglês, Battery Energy Storage System, ou BESS) armazenam energia elétrica sob a forma de energia química para posteriormente reconvertê-la em eletricidade quando necessário. Os BESS são modulares, uma vez que são formados por células eletroquímicas individuais, interconectadas em módulos e packs, que possibilitam atender aos requisitos específicos de tensão e capacidade do sistema elétrico. Ademais, os sistemas de baterias melhoram a eficiência, a resiliência e a sustentabilidade do sistema elétrico, oferecendo controle rápido de potência ativa e reativa em grandes quantidades e sem restrições geográficas. Como ilustra a Figura 2, diferentes tecnologias de baterias podem ser aplicadas para esse fim, entretanto grande parte do mercado é dominado pela tecnologia de íon-lítio devido à sua alta densidade de energia, eficiência, escalabilidade, flexibilidade operacional e, obviamente, custos decrescentes por conta da escalabilidade industrial, comandada pela dinâmica economia chinesa. Apesar de amplamente adotada, essa tecnologia apresenta desafios relativos à operação em altas temperaturas, inclusive com riscos de incêndio, o que demanda um sistema de controle contra superaquecimento. Outras tecnologias também merecem destaque, como as baterias de chumbo-ácido, de íon-sódio e de fluxo redox.

As baterias de chumbo-ácido, por exemplo, são as tecnologias mais maduras dentre as demais, possuem uma eficiência moderada, utilizam eletrólitos corrosivos e apresentam um impacto ambiental considerável devido à sua composição. Todavia, permanecem viáveis em contextos em que o custo é um fator crítico e o espaço não é uma limitação. Em contrapartida, as baterias de íon-sódio são uma alternativa promissora ao lítio devido à grande abundância e baixo custo do sódio, sendo consideradas ainda opções mais sustentáveis. Contudo, enfrentam desafios significativos em relação à densidade de energia e à estabilidade dos eletrólitos, estando ainda em estágio de desenvolvimento. Por fim, além dessas baterias convencionais, as baterias de fluxo redox também vêm ganhando espaço. Diferentemente das tecnologias citadas anteriormente, esse tipo de conversor eletroquímico apresenta um esquema de armazenamento externo, com a separação física dos eletrólitos (em dois tanques) e da célula eletroquímica. Essa configuração confere uma grande modularidade e escalabilidade à bateria. Essa tecnologia ainda é relativamente recente, mas já apresenta grande perspectivas de crescimento nos próximos anos, em especial pelos investimentos que a China está realizando através da construção de cadeia produtiva, no duplo movimento de atender demanda interna para firmar a segurança e flexibilidade do crescimento das fontes renováveis não despacháveis, bem como para exportação. De maneira similar às baterias convencionais, as baterias de fluxo redox possuem diferentes composições, porém o tipo com maior grau de maturidade são as baterias de fluxo redox de vanádio (VRFBs). As VRFBs são estáveis, não-inflamáveis, com operação otimizada em temperaturas na faixa de 20-35°C, porém apresentam densidade energética inferior às baterias de íon-lítio. Além das tecnologias de armazenamento eletroquímico, outros sistemas são importantes e interessantes. Nesta direção, merece destaque especial os sistemas de armazenamento de energia mecânica das Usinas Hidrelétricas Reversíveis (UHRs), também denominados de Sistema de Armazenamento Hidrelétrico por Bombeamento. Esses sistemas convertem a energia elétrica excedente em energia potencial gravitacional ao bombear água de um reservatório inferior para um superior e, quando necessário, a água é liberada acionando as turbinas e gerando energia como em usinas hidrelétricas convencionais. Nesse tipo de armazenamento, o Brasil detém um potencial de crescimento muito grande e promissor, já que a base do sistema elétrico brasileiro é de usinas hidrelétricas, condição essencial para esta tecnologia, que são interligadas a um dos maiores sistemas de rede de transmissão mundial. As tecnologias de armazenamento aqui apresentadas são maduras e já possuem diversas aplicações reais no mundo, com foco na estabilização da rede, nos serviços ancilares, como regulação de frequência, reserva giratória e suporte de tensão, e na gestão hídrica.

Suas principais vantagens estão associadas à integração de fontes intermitentes no sistema elétrico, permitindo o aproveitamento de excedentes elétricos para o bombeamento e armazenamento, à alta eficiência e à resposta rápida, de modo a conferir maior despachabilidade ao sistema, e a baixos custos de operação, apesar dos altos CAPEX e tempo de construção. Contudo, mesmo já existindo diferentes sistemas passíveis de aplicação, como o armazenamento térmico com as baterias termoquímicas, os sistemas de sal fundido e o armazenamento subterrâneo de calor, a depender de características locais, é necessário destacar os chamados Sistemas Híbridos de Armazenamento de Energia. Esses sistemas são soluções que combinam diferentes tipos de dispositivos de armazenamento de energia, permitindo atender a requisitos de projeto que uma tecnologia isolada não conseguiria, como a otimização de parâmetros técnico-econômicos (massa, potência, energia armazenada e custo), a melhoria da eficiência e vida útil dos componentes. Dentre as possíveis combinações, duas tecnologias ganham proeminência: os supercapacitores e os volantes de inércia (flywheel). Ambas as tecnologias são mais adequadas para aplicações que exigem picos de potência, suavização de flutuações e recuperação de energia. Esses sistemas conferem respostas de curta duração, atendendo às demandas de potência, enquanto sistemas de baterias atuam no armazenamento de energia de longo prazo. De maneira geral, esses sistemas possibilitam otimizar o desempenho e prolongam a vida útil das baterias, assim como oferecem serviços ancilares relativos à qualidade da energia, porém apresentam altos custos de CAPEX. Portanto, e a título de conclusão deste pequeno, objetivo e didático artigo, garantir um futuro energético sustentável exige mais do que ampliar a geração renovável, requerendo, cada vez mais, torná-la estável, confiável e despachável. Nesse contexto, os sistemas de armazenamento são o elo vital e a variável de ajuste entre a intermitência das fontes solar e eólica e a segurança do suprimento elétrico. Ao combinar diferentes tecnologias e integrá-las de forma inteligente à rede, é possível transformar o desafio da variabilidade em uma oportunidade para acelerar a descarbonização e fortalecer a resiliência dos sistemas energéticos brasileiro e global.

ENCARGOS DE TRANSMISSÃO (política)

18/9/2024

“A Agência Nacional de Energia Elétrica determinou ao Operador Nacional do Sistema Elétrico a criação de uma plataforma única para dar suporte ao processo de liquidação financeira dos Encargos de Uso do Sistema de Transmissão. O ONS terá 90 dias para apresentar o cronograma de implantação do novo sistema computacional para avaliação e aprovação pela Aneel.”

Fonte: Canal Energia

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OUTRAS INFORMAÇÕES

17/9/2024

- Petrobras conclui a oferta de títulos no mercado internacional

“Valor será de US$ 1,0 bilhão, com vencimento em 13 de janeiro de 2035”.

- Energisa tem novo diretor de inovação

“Flávio Loução será responsável por fortalecer a cultura e a estratégia de inovação da companhia”.

- Light SESA conclui pagamento de créditos quirografários

“O pagamento de até R$ 30 mil aos credores ocorreu conforme definido no Plano de Recuperação Judicial da companhia”.

- Mart Minas & DOM Atacadista e Cemig assinam contrato de autoprodução

“Rede terá a demanda de energia atendida por Usina Fotovoltaica em São Gonçalo do Abaeté/MG”.

Fonte: Canal Energia

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CANAL ENERGIA (eventos e cursos)

17/9/2024

BRAZIL WINDPOWER

22-24 outubro 2024

São Paulo Expo – SP

ENERGY SOLUTIONS SHOW

22-23 outubro 2024

São Paulo Expo – SP

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“BRASIL NA LIDERANÇA DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA” (geração)

17/9/2024

“Mostrando o Brasil com lugar de destaque, o relatório “Brasil na liderança da transição energética”, elaborado pela consultoria The Bakery, mostra que movimentos do setor como Desenvolvimento de Sistemas de Armazenamento, Integração de Solar Flutuante em UHEs e o Mercado de Certificados de Energia Renovável são vistos como de grau de inovação com novos paradigmas e oportunidades com retorno significativo e rápido pela alta demanda ou margens de lucro robustas.”

Fonte: Canal Energia

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COMENTÁRIOS:

16/9/2024

Bernardo Weaver
CEO @ Weaver Advisory | Finance, Capital Markets, Investments
“Sempre que a gente ouve de energia estatizada, a gente fica preocupado. Mas acho que o setor privado é melhor administrando e gerando energia básica pro sistema. Acho que a distribuição deve ser pública, por outro lado, mas nada que impeça pequenas subtarefas privadas, como emissão de contas, tecnologia para o sistema. E claro, transmissão tb pode ser privada.”

Muito interessante!
Joaquim Levy
Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados. na Safra
“Opção interessante, integrando todas as etapas e provavelmente reduzindo risco dos investidores privados, especialmente em geração.

Gostei!
Roberto Falco
Principal Director @ Accenture Brasil | Utilities T&D Lead LATAM Embaixador do @CanalEnergia

“Joaquim Levy, obrigado pelo comentário. Acho que é justamente este ponto a ser observado agora, se a atuação deste novo ente integrado vai conseguir entregar planejamento + sinais econômicos que induzam uma expansão racional feita pelo mercado, alinhada ao máximo a este planejamento.”

Gostei!
Sidney Simonaggio
CEO/COO/CHIEF REGULATORY OFFICER/CONSULTOR/CONSELHEIRO DE ADMINISTRAÇÃO - ENGENHEIRO EM ELETROTÉCNICA E ADVOGADO

“Roberto, obrigado por ter compartilhado essa notícia.
Comento sobre ela porque fui um dos conselheiros de origem do nosso Operador Nacional do Sistema e isso me remeteu às razões de sua criação.
O ONS, por concepção, buscou ser efetivamente um operador independente. Quando de sua criação, suas atribuições eram feitas pela Eletrobras e isso criava um conflito, pois essa grande empresa era, a um tempo só, operadora da rede básica, dona de empresas de transmissão e geração e, ainda por cima, reguladora técnica das operações. Para complicar mais ainda, era controlada pelo Governo Federal.
A criação do ONS como empresa independente e com conselho de administração composto balanceadamente por representantes das empresas de geração, transmissão e distribuição veio eliminar essa situação conflituosa.
Vejo com preocupação o anuncio de compra do operador pelo governo, pois poderá estar sendo criada no Reino Unido uma situação de conflito. Li a matéria e me chamou a atenção a frase que diz, de forma alvissareira, que estaria sendo criado um novo "independent public body".
Eu não preciso ter tantos cabelos brancos na cabeça para saber que se é "public" jamais será "independent".
Que jamais caiamos na tentação de dar esse passo para trás.”

Gostei!
Roberto Falco
Principal Director @ Accenture Brasil | Utilities T&D Lead LATAM Embaixador do @CanalEnergia

“Sidney Simonaggio excelente colocação. Outro prisma interessante para observar os movimentos futuros, diferente daquele que abordei originalmente.”

Gostei!
James Cisnandes
Commercial Director | Agri & Chemicals | IX (Smart Manufacturing) / Palestrante e Escritor

“Olá Roberto Falco, grato por compartilhar, vc sempre atento aos movimentos estratégicos e táticos do setor (local e globalmente). Uma pergunta: vc entende que esse é o caminho ao qual o Brasil deveria seguir? Estamos preparados para um movimento similar, ou temos desafios ainda mais urgentes para seguir um precedente similar ao Reino Unido?”

Gostei!
Joisa Dutra Saraiva
Member of the World Economic Forum’s Global Future Council

“Grata pela referência gentil, Roberto Falco. Tenho lido as primeiras notícias, mas vamos precisar entender os detalhes dos passos que estão sendo dados lá.
Sidney Simonaggio trouxe algumas reflexões da experiência do Brasil que motivaram escolhas do passado.
Certo é que quando mudam os sistemas - tecnologias (descentralização e VREs), titularidade (pública-estatal vs. privada) - vale revisitar a governança. No sistema elétrico brasileiro, estamos tardando em fazer uma revisão estruturada. Temos um Operador independente do sistema de transmissão apenas para o SEB, que não detém ativos, não planeja e que não exerce função de operador de mercado. E não temos mercado organizado. Essas separações todas são celebradas ou entendidas como únicas respostas possíveis para enfrentar conflitos - principalmente público-privado. Mas têm custos.  Surgem ajustes de tempos em tempos, como mudanças na governança da CCEE, mas não respostas aos problemas e mudanças enfrentados. Resultado:  desajustes, problemas de incentivos e custos de transação e de capital.” Fonte: Canal Energia

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Credenciada na Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL para trabalhos de apoio ao órgão regulador

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