As demandas do mercado têm influenciado as empresas no
sentido de atuar em conformidade com os aspectos do ESG – Environmental, Social
and Corporate Governance – Ambiental, Social e de Governança em português),
cujos pilares, apesar de interligados, possuem critérios próprios para sua
implementação. Além das boas práticas de preocupação com o meio ambiente, o ESG
também promove a inclusão e a transparência. Em 2019, a Global Reporting
Initiative - GRI já informava que 93% das maiores empresas do mundo em receita
já reportavam seu desempenho ESG.
Isso significa que a responsabilidade social corporativa
está trazendo mudanças de hábitos e promovendo ações de desenvolvimento
econômico nas empresas, não só no sentido de crescer financeiramente, mas em
relação à responsabilidade que as empresas devem ter com o meio ambiente e com
as pessoas.
O S da sigla ESG trata do pilar Social e diz respeito
justamente a como as decisões e ações de uma empresa impactam sobre a sociedade
como um todo.
E como uma empresa pode promover transformações que
contribuam para uma sociedade mais justa?
A resposta está no alinhamento estratégico da cultura
empresarial, gerando transparência e desenvolvimento sustentável através do
viés humano, atitudes éticas que beneficiem a qualidade de vida e o respeito
aos direitos humanos.
Para causar um impacto positivo no mundo, as empresas devem
iniciar suas ações internamente, começando com seus colaboradores e atingindo
todos os seus stakeholders, como
comunidades próximas e consumidores dos seus produtos ou serviços. Uma pesquisa
realizada Federação das Indústrias do Estado do Paraná, em 2020, mostrou que
87% dos consumidores brasileiros preferem adquirir produtos de empresas
sustentáveis e 70% deles preferem pagar mais caro por produtos ou serviços que
sigam princípios de desenvolvimento sustentável. Esses dados traduzem o impacto
social que as empresas já estão causando com os produtos e serviços que
oferecem.
A promoção da equidade e diversidade, observância dos
direitos trabalhistas, compromisso com o desenvolvimento social, combate às
formas de discriminação e estímulo ao desenvolvimento profissional são alguns
dos temas relevantes na perspectiva da responsabilidade social. O elemento
social pode trazer uma visão de longo prazo que transmite confiança, segurança,
inclusão e engajamento efetivo das partes envolvidas, além de trazer uma
releitura do papel das empresas na sociedade e em
como elas podem ajudar a resolver problemas que vem se agravando, como por
exemplo, a saúde mental das pessoas.
O S do ESG foca nas políticas e práticas organizacionais
que estão relacionadas aos direitos humanos e na ética nos negócios. Esse pilar
está se mostrando cada vez mais relevante, principalmente após o cenário da
pandemia da COVID-19, que deixou ainda mais evidenciada a desigualdade social,
mudou comportamentos e aumentou a preocupação com relação a esse aspecto da
saúde mental. Uma pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico
Mundial, mostrou que 53% dos brasileiros notaram uma piora no estado mental
entre 2020 e 2021. Já em 2021, outra pesquisa realizada pela FMUSP com cerca de
2.117 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, mostrou que a
ocorrência de transtornos mentais afeta mais de 20% da população e que os
níveis de sintomas de ansiedade e depressão permanecem em patamares elevados.
A autocobrança excessiva, aliada à fatores como preocupação
com a estabilidade e pressão por resultados, são alguns dos principais motivos
que levam colaboradores a esses transtornos e por isso falar sobre saúde mental
nas empresas nunca se fez tão necessário. Hoje, investidores e consumidores
possuem um olhar mais atento ao que as empresas estão fazendo para melhorar
esse cenário, o que estão praticando para ser mais acolhedoras com seus
colaboradores e o quanto estão sendo inclusas nas suas contratações. Empresas
que se preocupam com o clima organizacional e em oferecer bem-estar às pessoas
tem melhor reputação e valor adicionado ao seu negócio a longo prazo.
Campanhas como o Setembro Amarelo, criada no Brasil em 2015
pelo Centro de Valorização da Vida
(CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP) e que tem como principal objetivo prevenir o suicídio,
ganham a cada ano mais destaque nas empresas. Pesquisas indicam que a cada
quarenta segundos uma pessoa suicida-se no mundo e esse dado é o suficiente
para mobilizar a conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde
mental. Especificamente no Brasil, segundo informações da OMS – Organização
Mundial da Saúde, desde 2017 o povo brasileiro é o mais ansioso do mundo. No
país é registrado todo ano em torno de 12 mil suicídios, cerca de 32 por dia,
sendo no mundo a segunda maior causa de mortalidade entre jovens de 15 a 29
anos.
E os números não param por aí. Uma pesquisa recente da
Vital Strategies junto com a Universidade Federal de Pelotas, mostrou que os
diagnosticados com depressão subiram de 9,6% antes da pandemia para 13,5% em
2022. Ainda segundo pesquisa do Instituto Ipsos para o Banco Mundial, 53% dos
brasileiros relatam piora do bem-estar mental entre 2020 e 2021. A Associação
Brasileira de Psiquiatria cita que um quarto da população tem, teve ou terá
depressão ao longo da vida.
O DataSUS divulgou recentemente
que nos últimos 20 anos os suicídios no Brasil subiram de 7 mil para 14 mil,
mais de um a cada hora, sem contar os casos que não foram notificados. Segundo
a mesma pesquisa, o número de casos de transtornos de ansiedade aumentou 25,6%
e os de depressão 27,6% em 2020 no mundo.
Em um novo relatório de 2022, a Organização Mundial da
Saúde também reporta que a crise de COVID-19 dificultou e até impediu o acesso
aos serviços de saúde mental em muitos casos, gerando receio pelo aumento de
comportamentos suicidas. Por isso, a própria OMS orienta a práticas como
limitar acesso a mecanismos que podem ser usados na prática do suicídio,
relatos responsáveis dos meios de comunicação, acesso a serviços de apoio
socioemocional e principalmente, a gestão e identificação precoce de pessoas
que tenham comportamentos suicidas.
Onde procurar ajuda?
CVV – Centro de Valorização da Vida
Voluntários atendem ligações 24 horas por dia pelo número
188:
Mapa Saúde Mental
Site mapeia diversos tipos de atendimento:
Todos devem fazer parte na prevenção de casos de suicídio e
as empresas estão desenvolvendo práticas para engajamento de seus
colaboradores, além de implantar sistemas de gestão de responsabilidade social.
Nesses casos, é fundamental que o planejamento dos projetos seja coerente com a
natureza e impacto das atividades, para que as iniciativas não sejam vistas
como oportunistas.
No
contexto atual, práticas de sustentabilidade corporativa são mandatórias para
empresas que buscam a criação de valor na própria companhia e no entorno da sua
atuação, no longo prazo. A Taticca Allinial Global Brasil presta serviços que
auxiliam as empresas na busca da sustentabilidade desde seu planejamento até
sua implementação, monitoramento e divulgação, incluindo diagnóstico do
posicionamento de práticas ESG e desenvolvimento de suas estratégias.